Hoje é dia de pagar as contas mensais, sim, ninguém escapa delas. E fui filosofando... Sou, constantemente "inquirida" das minhas razões para ter escolhido a vida que vivo, o lugar, a ocupação, enfim... todos são curiosos quando tomamos caminhos diferentes.
E, pensando bem, às vezes nem eu sei bem o que me trouxe aqui, mas foi algo muito forte, por que me manteve fiel a esta determinação, mesmo nos momentos mais difíceis.
Mas hoje, voltando do banco... depois de ter passado boa parte da manhã modelando argila e rindo com doze crianças felizes e sem "estresses" urbanos... com minhas contas pagas... na minha bicicleta, aqui, raramente, preciso do carro; voltando ... pela beira da praia, aquele ruído que só quem mora em cidade pequena ouve: Uma conversa de comadres num pátio... um cachorro que late. Uma mulher batendo roupa no tanque. Ou ainda, uma batera, chegando do mar. A paisagem, é de cartão postal... o mar, o Sol, os barcos... a areia branca. Uma sacola com pão da padaria do Geremias... que tanto vende lá, como de casa em casa, com sua camionetinha.
É muito pouco o que preciso para ser feliz, ou melhor... não é muito pouco coisa nenhuma... é o máximo. Eu quero o máximo...
Eu moro aqui, eu sou artista plástica e educadora porque simplesmente me nego querer pouco. Não gosto do movimento, da poluição visual, não gosto do barulho, da muvuca... dos cheiros esquisitos... daquela correria de gente sempre apressada e uma "pseudo" idéia de atividade e progresso. Bobagem... a gente trabalha e rende muito mais aqui no sossego das pequenas cidades ... porque há mais prazer, menos corre-corre... mais pausa prá conversar por cima do muro e de lá voltar e continuar trabalhando. Porque mês quem vem tem mais contas para pagar... em todo lugar tem, o que muda é como você chega até elas...